sábado, 30 de julho de 2011

A minha mãe VI

Sempre gostei muito de escrever, tinha um diário, ainda escrito à mão, claro está, desde os 10 anos de idade, em que descrevia com todo o pormenor e sentimento todos os desgostos e alegrias dos meus dias.
Eram cadernos e cadernos intermináveis, com cores, sem cores, com folhas de cheiro e sem cheiro, eu não era esquisita no material, só nunca gostei de folhas quadriculadas, escritos atalhoadamente. Mas havia algo que me convencia que o que o que escrevia era de enorme interesse, pois a minha mãe lia aquele espólio todo, cheio de erros ortográficos, de fio a pavio sempre que me apanhava de costas.
A minha mãe devia ler quando eu ia para a escola, nas minhas costas, com certeza para que eu não fosse um génio literário pretencioso, quando desse pelo vício dela.
E eu, que às vezes a apanhava ou notava as minhas amadas folhas remexidas, pensava mesmo assim que era um génio literário, porque mesmo com erros ortográficos e uma caligrafia surreal, tinha fãs incondicionais.
E lá ficou o trauma da infância, confesso que continuo a achar-me um génio literário (em desenvolvimento, claro, aprendi a ser mais contida), com menos erros ortográficos, ou pelo menos, tento, ainda assim, com uma meia dúzia de leitores ainda assim muito assíduos, se bem que menos fanáticos. Isto porque a minha mãe ainda não descobriu que tenho um blog, as "Estatísticas" vão bombar quando isso acontecer.
Acham que lhe conte?