quarta-feira, 30 de novembro de 2011

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Se soubesse escrever

“(...) Para a generalidade das mulheres, ter um amante significa ter uma quantidade de ocupações, de factos, de circunstâncias a que, pelo seu organismo e pela sua educação, acham um encanto inefável. Ter um amante - não é para elas abrir de noite a porta do seu jardim. Ter um amante é ter a feliz, a doce ocasião destes pequeninos afazeres - escrever cartas às escondidas, tremer e ter susto; fechar-se a sós para pensar, estendida no sofá; ter o orgulho de possuir um segredo; ter aquela ideia dele e do seu amor, acompanhando com uma melodia em surdina todos os seus movimentos, a toilette, o banho, o bordado, o penteado; é estar numa sala cheia de gente, e vê-lo a ele, sério e indiferente, e só eles dois estarem no encanto do mistério; (...)“
Uma Campanha Alegre (1890-91) - Eça de Queirós

Everything you can imagine is already too real

terça-feira, 8 de novembro de 2011

(des)Equilibrio

Primeiro, era um carril de comboio, se caisse estava a 15 cm do chão, depois era uma linha de quase invisível, que magoava e cortava os pés. O equilibrio era ambiguo, tal como a sua percepção. Por isso, seguia em frente, apavorada e escondida ao mesmo tempo.
A direita e a esquerda não interessavam. Mas porquê? Se lá podia estar um corrimão de apoio, umas andas, umas bengalas, uma casca de banana, ou qualquer coisa, boa ou má, mas que te levava para longe do precipicio.
Longe é bom, perto é mau.
O longe tem perspectiva, profundidade e alcance. O perto doi, porque arranha e faz-se presente dia após dia, marca e remarca, lida e relida, brinca e desbrinca, engraça-te ou desgraça-te, vive e morre.