sábado, 30 de julho de 2011

A minha perspectiva dos "20 minutos" - take 1

 A memória leva e lava, ficando apenas acontecimentos com significância entranhada. Os nossos cérebros sabem bem distinguir o que deve ser lembrado, mesmo que nós não, tenho, hoje, na ponta dos dedos o dia em que nos encontrámos os 2 pela primeira vez.
Não sei porquê escolhemos aquele sítio. Nunca gostei daquele barulho de fundo.
Eu estava fora de órbita, tinha outras coisas na cabeça, nem sei o quê, e tinha resolvido ir ali, ter contigo porque sim.
Enquanto nos estávamos a sentar, olhei de soslaio para o meu relógio para tentar mentalmente contar 20 minutos. Eram os 20 minutos que iam durar aquele encontro, tinha eu definido, com arrogância, assim que olhei para ti com os olhos de teenager e achei que 20 minutos naquele encontro iam ser mais que suficientes. Não te disse nada, mas havia de inventar qualquer coisa, em cima da hora, como era típico.
Voltei então cordialmente a olhar-te nos olhos, para seguir a conversa que tinhas esforçada e levemente começado para me entreteres.
É a tua cara ali à minha frente que a minha memória reteve. Estávamos numa mesa lateral que nos separava do piso de baixo.
Os 20 minutos seguintes foram uma espécie de hipnotismo. Não faço ideia do que disseste, esqueci-me da minha contagem mental do tempo.
Perdi-me na tua voz, depois no teu conteúdo, no teu sorriso rasgado, nas tuas exclamações agudas, nas tuas historietas, naquela envolvência sedutora. Perdi os olhos também pelo colarinho da tua camisa, que suspeito que seria de xadrez verde roçado, iguais às que ainda usas, nos teus braços e mãos, no teu cabelo onde me apetecia pregar as minhas mãos, depois nos teus lábios. Tentei abstrair-me e parar a máquina que fazia rodar o filme que estava a ver, pois tudo me pareceu bom demais para ser meu. Lá estava a insegurança de teenager que hoje em dia, já perdi.
Deixei de ouvir o barulho de fundo a certa altura. Não consigo ter ideia de quanto tempo ficámos a ali, mas foi muito, muito mais de 20 minutos. Não me lembro de falar muito.
Quando voltei aos meus sentidos, continuava a ouvir a tua voz, retive umas 2 ou 3 palavras da conversa, e vi uns olhos meigos tão rasgados como o sorriso que me olhavam, e que não soube interpretar.
Aqueles lábios foram meus mais tarde, numa noite. Mas isso é o resto da história.
Um dia que alguém ponha em palavras o resto desta história, que saiba que não foi nem neste dia, nem no outro do “kiss”, que me apaixonei por ti, e que não deixe de fora o “pormenor” de que tu pensas demasiado, o que te torna irremediavelmente especial.

A minha mãe VI

Sempre gostei muito de escrever, tinha um diário, ainda escrito à mão, claro está, desde os 10 anos de idade, em que descrevia com todo o pormenor e sentimento todos os desgostos e alegrias dos meus dias.
Eram cadernos e cadernos intermináveis, com cores, sem cores, com folhas de cheiro e sem cheiro, eu não era esquisita no material, só nunca gostei de folhas quadriculadas, escritos atalhoadamente. Mas havia algo que me convencia que o que o que escrevia era de enorme interesse, pois a minha mãe lia aquele espólio todo, cheio de erros ortográficos, de fio a pavio sempre que me apanhava de costas.
A minha mãe devia ler quando eu ia para a escola, nas minhas costas, com certeza para que eu não fosse um génio literário pretencioso, quando desse pelo vício dela.
E eu, que às vezes a apanhava ou notava as minhas amadas folhas remexidas, pensava mesmo assim que era um génio literário, porque mesmo com erros ortográficos e uma caligrafia surreal, tinha fãs incondicionais.
E lá ficou o trauma da infância, confesso que continuo a achar-me um génio literário (em desenvolvimento, claro, aprendi a ser mais contida), com menos erros ortográficos, ou pelo menos, tento, ainda assim, com uma meia dúzia de leitores ainda assim muito assíduos, se bem que menos fanáticos. Isto porque a minha mãe ainda não descobriu que tenho um blog, as "Estatísticas" vão bombar quando isso acontecer.
Acham que lhe conte?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Apenas uma noite

Só uma noite, apenas uma noite. Só uma noite.
Pode haver luz, pode ser no escuro, vamos ver com tudo.
Tu sempre soubeste, sábio.
Deus queira que nunca amanheça.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Finalmente, "A" definição

"
Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.

O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mais tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.

O amor é que fica quando o coração está cansado. Quando o pensamento está exausto e os sentidos se deixam adormecer, o amor acorda para se apanhar. O amor é uma coisa que vai contra nós. É uma armadilha. No meio do sono, acorda. No meio do trabalho, lembra-se de se espreguiçar. O amor é uma das nossas almas. É a nossa ligação aos outros. Não se pode exterminar. Quem não dava a vida por um amor? Quem não tem um amor inseguro e incerto, lindo de morrer: de quem queira, até ao fim da vida, cuidar e fugir, fugir e cuidar?
"
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

O Dom literário

"Escrever é uma maneira de pensar que não se consegue pelo pensamento apenas. Todos os constrangimentos sintácticos e gramaticais da escrita, em vez de nos reprimirem, levam-nos a encontrar frases que não existiam antes de serem escritas, que não podiam existir de outra forma."
Fonte: - Revista Nós - Jornal i (2009)
O  meu rim fica bom no máximo amanhã. O meu coração não tem data marcada.

terça-feira, 26 de julho de 2011

"Gostas de fazer do teu corpo um objecto agradável"

"
É Impossível Fazer Amor sem um Certo Abandono

Mas é exactamente isso que é supreendente em ti: tu gostas de dar prazer. Gostas de fazer do teu corpo um objecto agradável, gostas de dar prazer com o teu próprio corpo: é precisamente isso o que os ocidentais já não conseguem fazer. Perderam completamente o sentimento da dádiva. Mesmo esforçando-se, não conseguem assumir o sexo como uma coisa natural. Além de terem vergonha do seu corpo, muito diferente do corpo das estrelas pornográficas, também não sentem uma verdadeira atracção pelo corpo dos outros. Ora, é impossível fazer amor sem um certo abandono, sem a aceitação, pelo menos temporária, de um certo estado de fraqueza e de dependência. Tanto a exaltação sentimental como a obsessão sexual têm a mesma origem, resultam ambas do esquecimento parcial do eu; é algo que não pode acontecer sem que a pessoa perca alguma coisa de si mesma. E nós tornámo-nos frios, racionais, extremamente conscientes dos nossos direitos e da nossa existência individual; primeiro que tudo, queremos evitar a alienação e a dependência; além disso, vivemos obcecados com a saúde e com a higiene: e não são essas as condições ideais para fazer amor.

"
Michel Houellebecq, in 'Plataforma'

A vizinha de baixo II

Muita gente a conhece, e muitos podem conhece-la bem, porque ela é melhor quando está a interagir.
Não se encanta com facilidade, mas sabe tirar o melhor partido de cada coisa.
Tenaz na racionalidade quando é necessário ou vital, contrastando com a sua grande capacidade de sonhar sonhos inositados e ingénuos.
Aprendeu que ser é melhor do que ter, e que parecer  pode ser o ser, às vezes.

domingo, 24 de julho de 2011

Do verdadeiro

É de repente, não precisa de ser à 1ª vista, mas é de repente, em que tudo te faz sentido.
De repente já podes mudar tudo o que nunca queria mudar, já queres abdicar da liberdade, já toleras tudo, já choras compulsivamente, tens um viveiro de borboletas na barriga, entras numa espiral semi-obcessiva de sonhos, pensamentos e desejos, o corpo está pronto para aventuras, gastas todas as tuas poupanças, mudas de casa, mudas quem eras, e até quem ias ser, ficas mais bonito/a, todas as babuseiras sobre o futuro se reformulam, até podes ajustar a maneira de vestir, e o sítio onde vais às compras da semana, os teus fins de semana ficam enjorcados de novas motivações, o olhar ilumina o dia, o sorriso é um vento de te percorre a alma sem sobrar um cm2 que esteja fora do tornado, e sim, és feliz. De preferência para sempre. E se não for assim, esquece, não quero.
Mais tarde descobres que leêm os mesmos livros, escrevem palavras da mesma família semântica, e até que querem morrer no mesmo sítio.
Assim é mesmo do verdadeiro. É assim que eu o imagino.

Devoro

Deus fez a Via Lactea e fez os Dinausauros.
Sem pensar em nada, Deus fez a minha vida e deu-ta.
Sem contar com os dias que me faz sofrer, sem saber de ti, na solidão.
Mas se queres saber se eu quero outra vida?
Eu não.
Eu quero mesmo é viver para esperar-te e devorar-te.

Nós e o sítio perfeito

Se um dia nos encontrarmos no teu sítio favorito, vai passar a ser o nosso sítio.
Podemos ir lá todos os anos de férias, ou ficar para sempre, se desejares.
Eu a única coisa que desejo é ficar no teu sítio, para todo e todo o sempre.
O meu sítio é ao teu lado, que fica geograficamente exactamente onde tu escolheres estar.
Quando sentirmos os nossos sentido invadidos de tudo, e não precisarmos de mais nada, sabemos que fizémos bem.
Êxtase, um desmaio, adoro ler-te.

La divina esencia de la vida

" (...)
Desde tiempos inmemoriales, las flores, los cristales, las piedras preciosas y las aves han tenido un significado especial para el espíritu humano. Como todas las formas de vida, son, por supuesto, manifestaciones temporales de la Vida única subyacente, de la conciencia única. Su significado especial y la razón de que los humanos sientan tal fascinación y afinidad por ellas se pueden atribuir a su condición etérea.


En cuanto hay cierto grado de Precencia en las percepciones de los seres humanos, de atención quieta y alerta, estos pueden sentir la divina esencia de la vida, la conciencia o espíritu que vive dentro de toda criatura, de toda forma de vida, y reconocerla como la misma cosa que su propia esencia, y por lo tanto amarla como a sí mismos.
(...) "
Eckhart Tolle
Título original: A new Earth. Edição original inglesa de 2005. Tradução de Juan Manuel Ibeas Delgado de 2006

sábado, 23 de julho de 2011

I am 27 and You know I am no good

I cheated myself
Like I knew I would
I told you I was trouble
You know that I'm no good

http://youtu.be/Ll7UFxqI2pM

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?

"
Como é que se Esquece Alguém que se Ama? Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?


As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.

Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
"
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

Essa palavra é sempre a Bold, e às vezes, sublinhado

" O Amor em Portugal

Mesmo que Dom Pedro não tenha arrancado e comido o coração do carrasco de Dona Inês, Júlio Dantas continua a ter razão: é realmente diferente o amor em Portugal. Basta pensar no incómodo fonético de dizer «Eu amo-o» ou «Eu amo-a». Em Portugal aqueles que amam preferem dizer que estão apaixonados, o que não é a mesma coisa, ou então embaraçam seriamente os eleitos com as versões estrangeiras: «I love you» ou «Je t'aime». As perguntas «Amas-me?» ou «Será que me amas?» estão vedadas pelo bom gosto, senão pelo bom senso. Por isso diz-se antes «Gostas mesmo de mim?», o que também não é a mesma coisa.
O mesmo pudor aflige a palavra amante, a qual, ao contrário do que acontece nas demais línguas indo-europeias, não tem em Portugal o sentido simples e bonito de «aquele que ama, ou é amado». Diz-se que não sei-quem é amante de outro, e entende-se logo, maliciosamente, o biscate por fora, o concubinato indecente, a pouca vergonha, o treco-lareco machista da cervejaria, ou o opróbio galináceo das reuniões de «tupperwares» e de costura.

Amoroso não significa cheio de amor, mas sim qualquer vago conceito a leste de levemente simpático, porreiro, ou giríssimo. Quem disser «a minha amada» — ou, pior ainda, «o meu amado» — arrisca-se a não chegar ao fim da frase, tal o intenso e genuíno gáudio das massas auditoras em alvoroço. Amável nunca quer dizer «capaz de ser amado», e, para cúmulo, utiliza-se quase sempre no pretérito («Você foi muito amável em ter-me convidado para a inauguração da sua Croissanterie»). Finalmente um amor é constantemente aviltado na linguagem coloquial, podendo dizer-se indistintamente de escovas de dentes, contínuos que trazem os cafés a horas, ou casinhas de emigrantes. (O que está a acontecer com o adjectivo querido constitui, igualmente, uma das grandes tragédias da nossa idade.)
Talvez a prática mais lastimavelmente absurda, muito usada na geração dita eleita, seja aquela de chamar amigas às namoradas. Isto porque os portugueses, raça danada para os eufemismos, também têm vergonha das palavras namorado e namorada. Quando as apresentam a terceiros, nunca dizem «Esta é a Suzy, a minha namorada» — dizem sempre «Esta é uma amiga minha, a Suzy», transmitindo a implícita noção, muito cara ao machismo lusitano, de que se trata de uma entre muitas. E, também assim, como se não lhes bastasse dar cabo do Amor, vão contribuindo para o ajavardamento semântico da Amizade.
Isto tudo em público — claro — porque, em particular, a sós, funciona a síndrome plurissecular do «só-nós-dois-é-que-sabemos» e os portugueses tornam-se pinga-amores ao ponto de se lhes aconselhar vivamente a utilização de coleiras de esponja muito grossa. Nisto, o sexo forte é bastante mais vira-casacas que o fraco. Em público, são as amigas, o Guincho, os drinques e as apreciações estritamente boçais do sexo oposto. Dêem-lhes, porém, cinco minutos a sós com a suposta «amiga» e depressa verão todos os índices aceitáveis de pieguice, choraminguice e «love-and-peace» babosa e radicalmente ultrapassados; ao ponto de fazer confundir a Condessa de Segur com Joseph Conrad. As infelizes «amigas» reprimem com louvável estoicismo o enjoo, e aconselham-lhes a moderação. As mais estúpidas não compreendem e vão depois dizer às amigas que os namorados têm feitios muito complexos, porque quando estão acompanhados, são uns brutos do bilhar grande, e quando estão sozinhos transformam-se em donzelas delicodoces, inexplicavelmente ainda mais nauseabundas do que elas.
A retracção épica a que os portugueses se forçam no uso próprio das palavras do amor, quando o contexto é minimamente público, parece atirá-los ilogicamente, para uma confrangedora catarse de lamechices cada vez que se encontram sós com quem amam. Dizer «Eu amo-te» é dizer algo que se faz. Dizer «Eu tenho uma grande paixão por ti» é bastante menos do que isso — é apenas algo que se tem, mais exterior e provisório. Os portugueses, aliás, sempre preferiram a passividade fácil do «ter» à actividade, bastante mais trabalhosa, do «fazer».
A confusão do amar com o gostar, do amor com a paixão, e do afecto, tornam muito difícil a condição do amante em Portugal. Impõe-se rapidamente o esclarecimento de todos estes imbróglios. Que bom que seria poder dizer «Estou apaixonado por ela, mas não a amo», ou «já não gosto de ti, embora continue apaixonado» ou «Apresento-te a minha namorada», ou «Ele é tão amável que não se consegue deixar de amá-lo». Estas distinções fazem parte dos divertimentos sérios das outras culturas e, para podermos divertirmo-nos e fazê-las também, é urgente repor o verbo «amar» em circulação, deixar-mo-nos de tretas, e assim aliviar dramaticamente o peso oneroso que hoje recai sobre a desgraçada e malfadada paixão.
"
Miguel Esteves Cardoso, in 'A Causa das Coisas'

terça-feira, 19 de julho de 2011

O mundo dá voltas ao contrário

É mesmo como vos digo, o mundo dá mesmo muitas voltas. Pelo menos o meu. Um dia o céu é azul, mas o dia a seguir pode ter uma textura de pele de cavalo. No dia a seguir são as folhas das arvores que ficam rosa-choque. Depois é o meu coração que deixa de bombar pelo ventriculo esquerdo, e já parece que o direito também o pode fazer. Mais tarde, até já se poderia dormir no sofá da sala a ver filmes franceses de pijama amarelo, coisa que seria impensável.

Talvez os pássaros deixem de voar, os cães passem a voar, os gatos a nadar, e as árvores a passear.
Daqui a uns tempos, talvez até eu volte a nascer, e seja mãe do meu tio e da minha avó.
Pode ser que por essa altura me tenham crescido asas também a mim, e possamos voar até Marte para casar, com um escanfrandro de nitrox.
O nosso terceiro filho vai nascer azul, para condizer com a cor com que pintámos o quarto e um plug-in auricular sincronizado com o bluetooth do sistema android 54, a genética vai permitir.
Nesse dia, vou passar as prenunciar as palavras todas de trás para a frente e deitar-me na minha cama biónica como uma morcega, pois descobriram que retarda o envelhecimento, e só para ser original. Isto sem antes te dar um grande beijo de boa noite cheio de amor da nova geração.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Admito

Eu admito que a vida sem ti é quase um inferno, pois aqui está em bom português, a verdade.
Naquele sábado, vou levar o nosso anel, se me quiseres pedir-me outra vez, ele vai estar ali mesmo na minha mão direita.
Possívelmente, vou ficar com ele, anyway, mas sem ti. Mas não faz mal, eu já sei como é o inferno.
Desculpa.

Supermassive Black Hole

In the daylight you can see the supermassive black holes without telescope.

The beggining of the end was just like this

Ela - Eu não posso. Eu amo-me a mim em primeiro lugar.
Ele - É essa a nossa diferença, eu amei-te sempre a ti, em primeiro lugar. Como eu te disse uma vez, eu morria por ti.

All I want to do...

... It's trade this life for something new.

Dear Monday, I'm just not that in to you... But it's not you, it's me.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

I know what it takes to move on

This is not the end

This is not the beginning,
We say Yeah!
With fists flying up in the air
Like we're holding onto something
That's invisible there,
'Cause we're living at the mercy of
The pain and the fear
Until we dead it, Forget it,
Let it all disappear.

Waiting for the end to come

Wishing I had strength to stand
This is not what I had planned
It's out of my control....
Flying at the speed of light
Thoughts were spinning in my head
So many things were left unsaid
It's hard to let you go...
I know what it takes to move on,
I know how it feels to lie,
All I wanna do
Is trade this life for something new
Holding on to what I haven't got
Sitting in an empty room
Trying to forget the past
This was never meant to last,
I wish it wasn't so...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Shitty Camera, Not Photoshop, Great Effect

Voei

Voei por cima de ti, estive perto, consegui sentir-te e quero mais. Não penso em mais nada senão pousar no teu esconderijo, pássaro.

Não sou tua

Se eu sou a flor do jardim onde te passeias, já cumpri a minha missão e estou alegre.
Não me peças que te ame nem me tires das minhas raízes, eu sou apenas uma flor. Aprende a amar a minha essência, pois a minha vida não pode ser tua.
Pode ser que mais ninguém passe neste trilho para me ver. Mesmo assim, não sou tua.
Faz de mim uma flor mais bonita e saudável, admira-me, e partilharemos uma outra vida. Mas não me peças rigorosamente nada.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A epopeia dos idiotas

A epopeia dos idiotas reza que é melhor não dizer, não reagir, fingir que não viu, não dizer a verdade, não ter em conta os que contam connosco, ignorar apelos.
Ser leviano, precipitado e mal-amado é o auge espititual de qualquer idiota.
Os idiotas traem, pensa em si, estão a lixar-se para a transcêndencia do mal ou do bem.
Pensar em si mesmos é mesmo a única e grande aventura a que se propõem.
Pensar em como vão sacar mais um prazerzinho à custa de alguém, pensar como vão sacar algo a alguma alma com coração. Pensar como vão magoar o próximo coração, só para terem um minuto menos de insignificância que lhes é tão caracteristica.
Os idiotas dizem coisas, e depois não cumprem, dizem por dizer, dizem para ver se ninguém os chateia, para ver se se safam. Só funciona com outros idiotas.
Os idiotas normalmente são pouco inteligentes. Ninguém subejamente inteligente investe tempo em tão idiotas causas do "myself", do sem sentido e do sem amor.
Porque é que o Hitler não se virou antes para os idiotas?!!??!  Se o tivesse conhecido tinha-lhe feito esta sugestão... epah, que azar!
Isto sim, seria uma epopeia dos idiotas que eu gostaria de ler: How to Kill Millions of Idiots!
Este post está a dar-me vontade de vomitar... os idiotas são de facto muito nausentes.

Lutar

Às vezes é reconfortante pensar que foi Deus que quis assim... como desculpa para nós próprios por não termos lutado o suficiente ou por termos lutado demais. Ningúem consegue determinar a barreira entre lutar desmesuradamente, ter ficado apatíco ou onde afinal Deus entrou nesta história.
O resultado final, bem, esse também é nosso, com a ajuda de Deus.
Mas como a minha amiga Marta me disse no outro dia: "Deus dá-nos sempre a possibilidade de escolher, nós temos a acção e a palavra final".

Nota mental para mim mesma: não me esquecer disto!

sábado, 9 de julho de 2011

Joder

Joder, eles dizem em espanhol. Porque é que em português não se pode dizer?
É uma palavra tão pertinente, numa série de situações.

Drink it

"Soul Healer" it says in the bottle, i say: drink it
O Mar é o último sítio livre do Mundo
Também gostam de ler notícias na cama ao sábado de manhã?
Melhor, só isto com o euromilhões desta semana.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Aragem

Há um dia que tudo muda, em que o que era ontem, hoje está ultrapassado, e tendo acontecido algo, ou não tendo passado nada senão uma aragem na nossa mente, a verdade é que mudou. As aragens sempre fizeram bem às casas e às mentes, sendo que algumas pessoas têm demasiadas, digo, na mente, por assim dizer.
Quando a aragem é refrescante, renovadora e até há quem concorde que pode ser rejuvenescedora, ela ganha o estatuto de uma grande lufada de ar fresco.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

É assim, Lisboa

Aquilo que tanto entusiasma é a melancolia transformada em grandiosa celebração, o cruzamento do sentido com uma certa tendência para o questionamento existencialista, mas com arestas limadas e superfície polida, em que o objectivo não é inquietar, antes confortar - ou a lisura dos modos e a defesa de causas emocionais.
Onde uns vêem uma abordagem congregadora e amplificadora de sentimentos universais, dando-lhes a majestosidade ausente de um quotidiano corriqueiro, outros vêem um tédio atroz, um conformismo disfarçado de questionamento dos grandes temas da Humanidade e a ausência de qualquer coisa assemelhada a uma chama.

Porquê ler em vez de ver?

Ao ler levas o tempo que quiseres, podes ir depressa ou devagar, a hora de quiseres, sempre te imporem horários, podes parar para ouvir uma onda do mar a bater ou dormir um pouco sobre o assunto. Se vires,  tens o prazer de moldar a tua medida, prendendo-te nas tua partes favoritas.
Podes escolher as que te interessam as que te aumentam os astral, passando de relance apenas pelas que não fazem bem fazer.
Não te sugerem uma maneira de entender tão fortemente,  mas fazes a tua própria interpretação.
Podes voltar a ver mais tarde, se te tiver escapado algo.
Não tens minutos e minutos de publicidade chata obrigatória pelo meio. Podes analisar artisticamente as fotos ilustrativas. A quantidade disponível é muito maior, mais detalhada, mais rica.
Podes ver para trás, e podes ver pra frente.
Não tens que ter a TV ligada à hora de jantar.
É assim que eu gosto de estar informada das notícias, lendo, não gosto dos notíciarios da TV. Só às vezes, também não sou radical, é só uma preferência.

When I Ruled The World

I hear Jerusalem bells were ringing
Roman Cavalry choirs were singing
Be my mirror, my sword and shield
My missionaries in a foreign field
For some reason I can't explain
I know St. Peter won't call my name
Never an honest word
But that was when I ruled the world

Coldplay

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Hoje e daqui em diante só há:

Sonhos realistas.
Palavras se se podem dizer.
Conversas com conteúdo.
Atitudes que se devem ter.
Sorrisos sinceros.
Decisões bem tomadas.
Frases certas e positivas.
Pensamentos inspiradores.
Sentimentos com lógica.
Intuição que nos guia para o caminho certo.
Força de concretizar.
Vontade de fazer o que tem que ser feito.
Um mundo que continua a dar voltas para nos trazer o que mais precisamos ou queremos.
Um bem estar que chega quando sabemos que tudo está no sítio certo.
A paz.
Um novo ciclo.
Amén.

domingo, 3 de julho de 2011

Estás

Dormes todos os dias ao meu lado, não te deixo fugir nos meus sonhos.
Quando acordo já não estás, detesto as manhãs. Detesto muito.

Ele afinal descobriu mesmo a verdade sobre o Amor

Um daqueles homens que todos nós conhecemos um par ou dois deles, que gosta imensamente de falar durante horas em discurso, mesmo quando era suposto isto ser uma conversa, e contar tudo o que já aprendeu e filosofou na vida, parecendo que chegou ao nirvana de alguma maneira, e que se sente a obrigação moral de fazer os outros saberem também as coisas maravilhosas que com muita reflexão, e quando são mais pretenciosos, inteligência e algumas cabeçadas eles já descobriram à uns anos, e que fez deles o "homem feliz que são hoje". Bom, um desses homens, uma vez disse-me, no contexto de encontrar e ligar com o amor  que o importante era que nós gostássemos de com quem estamos (ou queremos estar) e o que o vice versa não tinha grande importância.
Ele explicava que isto, de nós sim adorarmos loucamente o nosso “amado/a”, garantia que o sentimento estava do nosso lado, e que isso é insubstituível e a essencial de sentir. Não era o outro que nos amava de fora, eramos nós que enamavamos o sentimento.
Creio que tinha algo a ver com, se formos amados, ao invés de amar (só), isso sim é a verdadeira experiência da relação, nós é que sentimos a emoção das borboletas na barriga quando a pessoa entra na sala, nos beija e acordamos ao lado dela.
Na altura, fixei este discurso, sabendo que muito provavélmente era verdade, mas como gosto de pensar por mim, pensei que haveria de comprovar ou pelo menos verificar, e como a luz da idade também me vai iluminando a mim, ainda que pouco nos meus 27 anos, estou cada vez mais certa que pelo menos neste tema, ele estava bastante iluminado.
No mundo ideal, é melhor que tenham os 2 o viveiro de borboletas na barriga. I guess...

A vizinha de baixo

Um pássaro em busca da melhor paisagem para poder voar por cima dela.
Uma amante da água. Tão mental como emocional. Tão fria como sentimental. Em constante mudança, ou se for optimista como sempre, diria em constante evolução. Rí mais do que chora. Uma perfecionista que admira a imperfeição. Uma mulher cheia de força que muitas vezes não consegue fazer nada.Uma mente elástica, criativa, critica e penetrável. Nada leviana. De emoções quentes e intensas. Um coração hospitalisado. Uma linha recta e traçada, que ela percorre com alegria a 3 dimensões. Uma certesa apenas: Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, inventa e constroi hoje coisas para daqui a 10 anos, não morras antes dos 80 pois ainda está tudo por criar.
Sonha em ser jovem para sempre. Uma sortuda e uma abençoada por Deus.
Dizem também que é linda e que tem um sorriso encantador.

Leviano, adjectivo masculino singular

1.que julga ou procede irrefletidamente; inconsiderado, imprudente, sem seriedade, precipitado.
2.de característica ou de procedimento inconsistente.
3.que demonstra leviandade.

in Wikipedia

Um livro

Ele está sentado no individual da sala. Um homem moreno de barba, com a perna traçada e um bocadinho curvado, a ler um livro que me parece que não seja em português. Quando ela entrar na sala, tentando não se desconcentrar da leitura que está a tentar terminar, vai olhar por cima do livro. Está tudo no lugar certo.

Pode ser o cheiro

Pode ser o cheiro, pode ser o sabor, a maneira de falar, o toque, a temperatura da pele, a força como os braços se enroscam, a textura do cabelo, o chupar dos lábios, o penetrar até ao coração, os olhos fora do comum, o corpo forte e quente, uma intensidade fora do normal, o volume, o desejo, a voz meia esganiçada, o sorriso envergonhado, a lata para fazer conversa, o mau feitio, a coragem, os sonhos talvez partilhados, o ser lacónico, os livros lidos, o sentir, o evoluir, o admitar, os textos escritos, os sítios percorridos, a paixão latente, a sinceridade, uma vida, podem ser dias que custam a passar, podem ser palavras baralhadas, pode ser tanta coisa...
Ou pode ser só a imaginação. Mas eu juro por Deus, que sinto o teu cheiro e o teu sabor.

I Agree

A tradição é a personalidade dos imbecis!
Albert Einstein