sábado, 14 de janeiro de 2012

Et voilá....

Foi quando descobri que não existias que comecei a mudar de vida. Comecei pelo cabelo, cortei-o de um comprimentos que já não se via à uns 10 anos.
A seguir comecei a pensar como tinha sido ultimamente a minha vida. Pensei quais as coisas que queria mudar, quais as coisas que me incomodavam, sem avaliações racionais, mais sim emocionais. Sim, emocionais, por mim, pois sempre fui muito boa a não ver aquilo que está à minha frente, porque sempre fui muito displicente na utilização do meu coração para para chegar a certas conclusões mais ou menos obvias.
E quando me parecia tão óbvio que tu existias, afinal não existias. Talvez tenha sido demasiado racional, e a minha estupidez irrita-me. Porque sim, tu existes, tens um BI, um nome, uma profissão, amigos e família, mas para mim não existes de facto, ou não podes existir. E ainda bem que... descobri.
Descobri, Deus sabe como, que não existias, só Deus sabe que naquele momento senti que tinha um coração onde se gerou um vazio do tamanho de 50 buracos negros. Nesses 50 buracos negros onde cabiam os meus sonhos, os nossos sonhos conjuntos, da nossa casa de Lisboa, da nossa casa de férias,  dos nossos amigos, todos os convidados no nosso casamento, dos mais chegados, aos mais afastados, todas as viagens que íamos fazer juntos, todo o amor que eu tinha para ti, os nossos 5 filhos, os nosso 10 netos, até os nossos bisnestos, todos estavam lá em peso, até estávamos eu e tu abraçados na nossa cama, quente e cheia de tudo o que sempre quisemos, o amor verdadeiro, isto tudo num buraco que os engoliu a todos integralmente em três segundos, o tempo suficiente para que terminasses uma frase. Então eles desvaneceram-se, foram engolidos. 
Ficou o vazio e os meus outros sonhos, singelos e sem graça. Ficou ainda outra coisa, uma certeza. A certeza que ninguém nunca na vida vai conseguir voltar a preencher esse vazio na totalidade, na plenitude e perfeição que só tu tens.
E depois, de mudar o cabelo, mudei tudo. Só não mudei de cidade para continuar a poder ver-te.
As mudanças foram drásticas. Acabaram-se os filmes românticos. Decidi parar de sonhar com qualquer coisa. Não podia mais. Os sonhos magoam. Limitei-me a fazer, viver o que está aqui real diante de mim e a sentir. E essa foi a mais drástica das mudanças. E sem honra qualquer especial para ti, a única coisa que ainda não tinha decido nas minhas mudanças era se me iria passar a apetecer mais ou menos meanless sex. Ah, e já me esquecia, comecei também a aprender francês, só para me entreter.