Ontem, a propósito do “ensino moderno” em algumas escolas em
Portugal, percebi finalmente, que tenho visto esta questão da escrita de uma
maneira muito fechada e afunilada, coisa que não é tipicamente minha, ou tento
que não seja. Para que nesse modelo pedagógico, hoje em dia, o conceito de
ensino assenta no incentivo a que as crianças escrevam, escrevam muito sem que
lhes aponte ou marques os erros a encarnado nos cadernos. O objectivo é que elas
ganhem o gosto pela escrita e pela leitura, que com o passar do tempo e com o
aumento de conhecimento, se vai traduzir numa escrita correcta e na construção de
pessoa sem medo de escrever, sem medo de errar, ou deixar de se expressar para
evitar erros de forma. Muito bem, palmas! O conteúdo sobre a forma é tudo em
que eu acredito, e isto não poderia fazer mais sentido.
Agora entendo maior a minha agonia da escrita. Agora entendo
que, para o bem e para o mal, fui educada no sistema tradicional, que é a
personificação de uma mulher com uma perturbação obsessiva-compulsiva e que não
pode ver uma vírgula fora do lugar, um erro ortográfico ou uma frase
ligeiramente mal construída. Vou então mandar essa senhora à merda e aplicar o “sistema
moderno” a mim mesma. Ou seja, deixar-me de culpar e de me lamuriar por não
saber escrever, e deixar-me embrenhar e envolver no processo de escrever,
escrever, escrever, ler, ler, ler e deixar-me ensinar pelo próprio processo.
Sem medo de represálias da mulher doente, afinal ninguém me vai bater com a
régua nas mãos, nem eu preciso de impressionar ninguém em particular com a
minha escrita.
Problema resolvido. Eu e a minha escrita somos amigas outra
vez, e temos uma relação saudável pela frente. Até estou um pouco envergonhada,
de não ter visto tudo desde esta perspectiva antes, que raios. Mais atenção
menina Andreia, mais atenção!