O mundo dá muitas voltas
domingo, 20 de julho de 2014
No dia em que apareceste, escrevi. À muito tempo que não escrevia, foi apenas 1 linha. Dei um titulo muito inspirador: "Cronicas de um amor anunciado", inspirado em qualquer literatura que me soava. E o corpo de texto apenas dizia: "(nome que só eu sei)" foi das poucas pessoas que me despertaram interesse à 1a. vista.
O melhor que tudo, é que tua cara está gravada no meu coração. Não te amo ainda, talvez nunca te ame. Só sei que me fizeste amar-me a mim mesma, numa dimensão que ainda não tinha alcançado antes. E fizeste-me perceber para onde vou, e talvez de onde venho.
domingo, 29 de dezembro de 2013
às vezes, de manhã enquanto estou sonolenta ou quando tenho a mente e o corpo desocupados, sinto a tristeza que me tomou. não aos pedaços, mas toda de uma vez só, esmagando-me. nessas alturas, se posso, choro, se não posso, choro para dentro, encosto-me a alguma coisa e se não há nada para me encostar, a cabeça cai-me para um lado ou para a frente. é numa dessas posições que respiro, respiro em dor, repito para mim que tudo passa na vida. nisso, quando chega o próximo compromisso inadiável, volto a abrir os olhos.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Puppy
Esta semana finalmente pendurei os meus quadros na minha casa de Barcelona. Desde Maio quando me mudei, tinha-os encostado a paredes, à espera do maravilhoso dia em que algum profissional da bricolage viesse aplicar os deus dons e pós de perlim-pim-pim. Por fim ele veio e ficou muito bem e mais composto. As minhas telas, molduras de desenhos e fotos estão finalmente com o seu espaço e reportam-me a um lar. Ao chegar aqui, ficou ainda claro que a mais linda e valiosa peça de arte que possuo não vem da pintura, serigrafia, das telas ou da fotografia, vem duma outra fonte, da barriga de uma cadela. A canicultura - A arte de criar os cães mais bonitos e de melhor personalidade. Todos os dias a minha mais valiosa e amada peça de arte, passeia-se elegante pela minha casa, admiro-a, todos os dias me tira o fôlego de emoção ao ve-la, é estructural e esteticamente lindissima, como qualquer escultura genial e tem tons de quadro de museu, eu olho-a, ela olha para mim também com os seus olhos pretos doces e à noite dorme junto a mim. Uma beleza que eu comtemplo por tempo indeterminado e o número de dia que Deus permita que ele viva. Para mim, a mais arrebatadora das artes. E o meu Puppy a mais amada das suas peças, que me emociona todos os dias e me enche de cores a vida, apesar do seu pêlo ser apenas bicolor.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Os sítios onde vamos sozinhos
Existem sítios onde posso ir sozinha, porque são tão
agradáveis e estão em comunhão com a minha alma, não me geram nenhum desconforto.
Estes sítios pode ser qualquer praia paradisíaca com palmeiras e barcos á vela
nas marinas, ou uma secretária para escrever, uma cama quentinha com o meu cão,
uma espreguiçadeira à beira mar com uma brisa fresca, uma festa com música
espectacular, o simples estar nos braços de alguém amado, ou uma sesta em cima
da toalha de pic-nic no meio dos pinheiros cheirosos ou até um passeio em
velocidade pelas estradas com bermas verdes. Estes sítios, terão o poder de
transformar qualquer situação ou companhia menos boa, em apenas pormenores da
paisagem.
Outros sítios, onde normalmente não terei vontade de ir
sozinha, são sítios que se formam como bons pela companhia, qualquer sítio pode
ser óptimo com uma excelente companhia, a companhia dos que amamos, estimamos
ou simplesmente estamos apaixonados, podem nascer ondas do mar e flores
viçosas, mesmo no ermo siberiano onde exista amor.
domingo, 4 de novembro de 2012
Ensino Moderno
Ontem, a propósito do “ensino moderno” em algumas escolas em
Portugal, percebi finalmente, que tenho visto esta questão da escrita de uma
maneira muito fechada e afunilada, coisa que não é tipicamente minha, ou tento
que não seja. Para que nesse modelo pedagógico, hoje em dia, o conceito de
ensino assenta no incentivo a que as crianças escrevam, escrevam muito sem que
lhes aponte ou marques os erros a encarnado nos cadernos. O objectivo é que elas
ganhem o gosto pela escrita e pela leitura, que com o passar do tempo e com o
aumento de conhecimento, se vai traduzir numa escrita correcta e na construção de
pessoa sem medo de escrever, sem medo de errar, ou deixar de se expressar para
evitar erros de forma. Muito bem, palmas! O conteúdo sobre a forma é tudo em
que eu acredito, e isto não poderia fazer mais sentido.
Agora entendo maior a minha agonia da escrita. Agora entendo
que, para o bem e para o mal, fui educada no sistema tradicional, que é a
personificação de uma mulher com uma perturbação obsessiva-compulsiva e que não
pode ver uma vírgula fora do lugar, um erro ortográfico ou uma frase
ligeiramente mal construída. Vou então mandar essa senhora à merda e aplicar o “sistema
moderno” a mim mesma. Ou seja, deixar-me de culpar e de me lamuriar por não
saber escrever, e deixar-me embrenhar e envolver no processo de escrever,
escrever, escrever, ler, ler, ler e deixar-me ensinar pelo próprio processo.
Sem medo de represálias da mulher doente, afinal ninguém me vai bater com a
régua nas mãos, nem eu preciso de impressionar ninguém em particular com a
minha escrita.
Problema resolvido. Eu e a minha escrita somos amigas outra
vez, e temos uma relação saudável pela frente. Até estou um pouco envergonhada,
de não ter visto tudo desde esta perspectiva antes, que raios. Mais atenção
menina Andreia, mais atenção!
terça-feira, 30 de outubro de 2012
O drama do costume
O drama do costume é que eu gosto
de escrever, gostava de ter coisas bonitas na ponta dos neurónios para escrever,
e palavras entrelaçadas, congruentes, e fluidas com sentidos vários inspirados
em pensamentos inteligentes, e na verdade, não me sai nada disso. Não me sai
nada, ou sai algo, como o que estão a ler agora, sobre coisa nenhuma, ou então
algo com vago interesse, que até eu própria ao ler uns meses depois não
reconheço e que me provoca uma certa vergonha. E a vergonha nem é de estar mal
escrito, porque para isso nem preciso de esperar alguns meses, mas sim vergonha
de ter pensado aquilo, e o quanto volátil e dramática é a tona do pensamento. Não
tenho particular orgulho do que me vai na cabeça, se o tivesse que contar a
outras pessoas, mas não creio que alguém tenha, ou que os pensamentos corridos
de alguém seja dignos de serem páginas de livros ou jornais, talvez os meus
sejam apenas normais, e eu apenas me aperceba mais disso apenas porque ousei escrevê-los
e relê-los um dia destes que passou.
E sempre que tento escrever, apercebo-me
que depois de umas linhas de algum queixume, consigo cuspir algo que não me
envergonha de todo, pelo menos à primeira vista, e que assim, para um texto tão
pequeno, até tem algum conteúdo e até fez algum sentido. E lá sigo o meu dia,
mais um dia, em que dei mais um passinho, alimentando o rumo à minha utopia de
um dia viver da escrita.
avança
No dia em que a atracção for uma ciência exacta, com
preceitos e regras, no dia em que um abraço tiver um modo e um tempo para
ser dado, no dia em que não a abraçarmos no preciso instante em que intuímos
que não há como não abraçá-lo, no dia em que ele se revelar, como numa
epifania, a pessoa da nossa vida e nós fizermos de conta que
ainda não é chegado o tempo para uma pessoa da nossa vida, no dia em
que fizermos contas para perceber se é a altura certa para beijá-lo, no dia em
que ele nos olhar nos olhos e nós ficarmos espantadas durante tanto tempo
que ele entretanto desapareceu, nesse dia em que sejam os decotes e
os olhares fatais e o guarda-roupa e os olhos azuis e os cabelos louros a
determinar as nossas escolhas, nesse dia, Tio Pipoco,
mereceremos estatelar-nos com estrondo e será justo que ninguém nos
levante.
Inspirado e adaptado do “Tio Pipoco”
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Born to die
Muitas vezes me pergunto, porque acordo tão dramática, sentimental, e até levemente inconsolável. Creio não ser por nada, mas apenas fico triste de o mundo ser tão vazio de coisas importantes e sentimentos nobre. Todos sabemos que podemos confiar em muito pouco e em muito poucos. Possivelmente é porque todos sentimos o mesmo. Todos sentimos que nascemos para morrer. Esta música é uma representação disso, desta serenidade desesperante e sem esperança, rendida ao vazio, e à insignificância do tudo, por ser, ele mesmo um grande nada em que deambulamos.
Lana Del Rey - Born to Die
existencialista
Não me ofuscas. Nem pretendia que me ofuscasses.
Sei que não o queria, mas também nunca o confessaria, porque é feio.
Prefiro que me dês luta ás vezes, que me admires a maior parte das outras vezes, e umas quantas restantes me faças teu discípulo, nas coisas que tu sabes tudo, e eu aprendo contigo. É por isso que não me ofuscas, pelo contrário, transformas-me em algo para além do que era, um além mais prático, mundano, existencialista, e básico que me faltava. Agora não sou só um intelectual, sou sim, brilhantemente, um Homem intelectual bem casado.
Sei que não o queria, mas também nunca o confessaria, porque é feio.
Prefiro que me dês luta ás vezes, que me admires a maior parte das outras vezes, e umas quantas restantes me faças teu discípulo, nas coisas que tu sabes tudo, e eu aprendo contigo. É por isso que não me ofuscas, pelo contrário, transformas-me em algo para além do que era, um além mais prático, mundano, existencialista, e básico que me faltava. Agora não sou só um intelectual, sou sim, brilhantemente, um Homem intelectual bem casado.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Em paz
Depois de tanto tentar amar e ser amada, descobri que apenas me amo cada vez mais e só a mim. Não vos amei integralmente, amei em cada um de vós a pequena parte com a qual me identifiquei, e amei. Amei descobrir esses bocadinhos que afinal eram meus, e não vossos. Esses bocadinhos pensadores, contidos, sorrisos-meios, empreendedores, escritores, viajados, de confiança, inspirados, intelectuais, fogosos, dedicados, românticos, íntegros, filosóficos, abertos, empenhados, com mentes que ultrapassam espaços e tempos, separados ou juntos, leais, preguiçosos ou sonhadores. Todos esses bocadinhos são meus, só meus, e eu amo-me, e às vezes amo-vos a vocês porque me deram isto tudo, e talvez mais.
E agora posso descansar. Em paz. Não há mais ninguém para ser amado.
My sweet obsession: ANTIQUE TYPEWRITERS
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Ninguém me tira esta ideia
Não fui feita para esta coisa de ter um emprego. E não é que não goste muito do que faço, ou que não me divirta bastante e desfrute. Apesar de haver uma parte de mim que é uma gestora voraz, motivada e e inteligente, existe outra parte que quer ficar em casa, com os dedos num teclado à espera de ideias para teclar, entre as minhas almofadas, as minhas plantas, o choro dos meus filhos, a caneca do café, e às vezes em camisa de noite. Existe uma parte de mim que quer criar, inspirar e tornar o mundo mais bonito de uma forma menos para os outros, mas sim para mim.
O mais curioso é que eu não sei escrever, dou erros ortográficos, sei pouco de técnicas de escrita, sintaxe, gramática, modos de narrar, escrita criativa, jornalismo, romances ou o novo acordo ortográfico. Nunca estudei jornalismo, letras ou estudos portugueses.
Apenas sei, quero escrever, em português. Quero escrever, escrever, escrever, e ouvir crianças a brincar à minha roda, e vislumbrar as musas da literatura a voarem por cima de mim.
Dizem que o caminho para o melhor emprego do mundo, é quandor tornamos o nosso hobbie no nosso trabalho. Isso seria mais do que bom.
E não quero inventar histórias, personagens e enrredo como nos dizia o Paul Auster, quero dizer a verdade ou uma verdade qualquer, que muitas vezes pode ser a minha, do modo mais belo possível. Belo a valer, beleza de verdade. Gosto de filosofia, artes, biografias e cultura. Gosto de textos com humor, com palavras esquisitas, meios formais, que me surpreendem, críticos e inteligentes, uma vezes simples, outras complicados. Por isso não sei se posso dizer que quero ser escritora, talvez queira ser critica, filosofa, jornalista ou pedagoga, desde que tenha os dedinhos no teclado todo o dia e os olhos do lado de fora da janela.
Sei que me falta muito para lá chegar, pelo menos no conceito em que imagino, mas só falta começar... por exemplo hoje, agora mesmo, se seguida com o click no botão "publicar".
O mais curioso é que eu não sei escrever, dou erros ortográficos, sei pouco de técnicas de escrita, sintaxe, gramática, modos de narrar, escrita criativa, jornalismo, romances ou o novo acordo ortográfico. Nunca estudei jornalismo, letras ou estudos portugueses.
Apenas sei, quero escrever, em português. Quero escrever, escrever, escrever, e ouvir crianças a brincar à minha roda, e vislumbrar as musas da literatura a voarem por cima de mim.
Dizem que o caminho para o melhor emprego do mundo, é quandor tornamos o nosso hobbie no nosso trabalho. Isso seria mais do que bom.
E não quero inventar histórias, personagens e enrredo como nos dizia o Paul Auster, quero dizer a verdade ou uma verdade qualquer, que muitas vezes pode ser a minha, do modo mais belo possível. Belo a valer, beleza de verdade. Gosto de filosofia, artes, biografias e cultura. Gosto de textos com humor, com palavras esquisitas, meios formais, que me surpreendem, críticos e inteligentes, uma vezes simples, outras complicados. Por isso não sei se posso dizer que quero ser escritora, talvez queira ser critica, filosofa, jornalista ou pedagoga, desde que tenha os dedinhos no teclado todo o dia e os olhos do lado de fora da janela.
Sei que me falta muito para lá chegar, pelo menos no conceito em que imagino, mas só falta começar... por exemplo hoje, agora mesmo, se seguida com o click no botão "publicar".
Discurso de Paul Auster
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No sé por qué me dedico a esto. Si lo supiera, probablemente no tendría necesidad de hacerlo. Lo único que puedo decir, y de eso estoy completamente seguro, es que he sentido tal necesidad desde los primeros tiempos de mi adolescencia. Me refiero a escribir, y en especial a la escritura como medio para narrar historias, relatos imaginarios que nunca han sucedido en eso que denominamos mundo real. Sin duda es una extraña manera de pasarse la vida: encerrado en una habitación con la pluma en la mano, hora tras hora, día tras día, año tras año, esforzándose por llenar unas cuartillas de palabras con objeto de dar vida a lo que no existe, salvo en la propia imaginación. ¿Y por qué se empeñaría alguien en hacer una cosa así? La única respuesta que se me ha ocurrido alguna vez es la siguiente: porque no tiene más remedio, porque no puede hacer otra cosa.
Esa necesidad de hacer, de crear, de inventar es sin duda un impulso humano fundamental. Pero ¿con qué objeto? ¿Qué sentido tiene el arte, y en particular el arte de narrar, en lo que llamamos mundo real? Ninguno que se me ocurra; al menos desde el punto de vista práctico. Un libro nunca ha alimentado el estómago de un niño hambriento. Un libro nunca ha impedido que la bala penetre en el cuerpo de la víctima. Un libro nunca ha evitado que una bomba caiga sobre civiles inocentes en el fragor de una guerra. Hay quien cree que una apreciación entusiasta del arte puede hacernos realmente mejores: más justos, más decentes, más sensibles, más comprensivos. Y quizá sea cierto; en algunos casos, raros y aislados. Pero no olvidemos que Hitler empezó siendo artista. Los tiranos y dictadores leen novelas. Los asesinos leen literatura en la cárcel. ¿Y quién puede decir que no disfrutan de los libros tanto como el que más?
En otras palabras, el arte es inútil, al menos comparado con, digamos, el trabajo de un fontanero, un médico o un maquinista. Pero ¿qué tiene de malo la inutilidad? ¿Acaso la falta de sentido práctico supone que los libros, los cuadros y los cuartetos de cuerda son una pura y simple pérdida de tiempo? Muchos lo creen. Pero yo sostengo que el valor del arte reside en su misma inutilidad; que la creación de una obra de arte es lo que nos distingue de las demás criaturas que pueblan este planeta, y lo que nos define, en lo esencial, como seres humanos. Hacer algo por puro placer, por la gracia de hacerlo. Piénsese en el esfuerzo que supone, en las largas horas de práctica y disciplina que se necesitan para ser un consumado pianista o bailarín. Todo ese trabajo y sufrimiento, los sacrificios realizados para lograr algo que es total y absolutamente inútil.
La narrativa, sin embargo, se halla en una esfera un tanto diferente de las demás artes. Su medio es el lenguaje, y el lenguaje es algo que compartimos con los demás, común a todos nosotros. En cuanto aprendemos a hablar, empezamos a sentir avidez por los relatos. Los que seamos capaces de rememorar nuestra infancia recordaremos el ansia con que saboreábamos el cuento que nos contaban en la cama, el momento en que nuestro padre, o nuestra madre, se sentaba en la penumbra junto a nosotros con un libro y nos leía un cuento de hadas. Los que somos padres no tendremos dificultad en evocar la embelesada atención en los ojos de nuestros hijos cuando les leíamos un cuento. ¿A qué se debe ese ferviente deseo de escuchar? Los cuentos de hadas suelen ser crueles y violentos, describen decapitaciones, canibalismo, transformaciones grotescas y encantamientos maléficos. Cualquiera pensaría que esos elementos llenarían de espanto a un crío; pero lo que el niño experimenta a través de esos cuentos es precisamente un encuentro fortuito con sus propios miedos y angustias interiores, en un entorno en el que está perfectamente a salvo y protegido. Tal es la magia de los relatos: pueden transportarnos a las profundidades del infierno, pero en realidad son inofensivos.
Nos hacemos mayores, pero no cambiamos. Nos volvemos más refinados, pero en el fondo seguimos siendo como cuando éramos pequeños, criaturas que esperan ansiosamente que les cuenten otra historia, y la siguiente, y otra más. Durante años, en todos los países del mundo occidental, se han publicado numerosos artículos que lamentan el hecho de que se leen cada vez menos libros, de que hemos entrado en lo que algunos llaman la "era posliteraria". Puede que sea cierto, pero de todos modos no ha disminuido por eso la universal avidez por el relato. Al fin y al cabo, la novela no es el único venero de historias. El cine, la televisión y hasta los tebeos producen obras de ficción en cantidades industriales, y el público continúa tragándoselas con gran pasión. Ello se debe a la necesidad de historias que tiene el ser humano. Las necesita casi tanto como el comer, y sea cual sea la forma en que se presenten en la página impresa o en la pantalla de televisión, resultaría imposible imaginar la vida sin ellas.
De todos modos, en lo que respecta al estado de la novela, al futuro de la novela, me siento bastante optimista. Hablar de cantidad no sirve de nada cuando nos referimos a los libros; porque no hay más que un lector, sólo un lector en todas y cada una de las veces. Lo que explica el particular influjo de la novela, y por qué, en mi opinión, nunca desaparecerá como forma literaria. La novela es una colaboración a partes iguales entre el escritor y el lector, y constituye el único lugar del mundo donde dos extraños pueden encontrarse en condiciones de absoluta intimidad. Me he pasado la vida entablando conversación con gente que nunca he visto, con personas que jamás conoceré, y así espero seguir hasta el día en que exhale mi último aliento.
Nunca he querido trabajar en otra cosa.
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No sé por qué me dedico a esto. Si lo supiera, probablemente no tendría necesidad de hacerlo. Lo único que puedo decir, y de eso estoy completamente seguro, es que he sentido tal necesidad desde los primeros tiempos de mi adolescencia. Me refiero a escribir, y en especial a la escritura como medio para narrar historias, relatos imaginarios que nunca han sucedido en eso que denominamos mundo real. Sin duda es una extraña manera de pasarse la vida: encerrado en una habitación con la pluma en la mano, hora tras hora, día tras día, año tras año, esforzándose por llenar unas cuartillas de palabras con objeto de dar vida a lo que no existe, salvo en la propia imaginación. ¿Y por qué se empeñaría alguien en hacer una cosa así? La única respuesta que se me ha ocurrido alguna vez es la siguiente: porque no tiene más remedio, porque no puede hacer otra cosa.
Esa necesidad de hacer, de crear, de inventar es sin duda un impulso humano fundamental. Pero ¿con qué objeto? ¿Qué sentido tiene el arte, y en particular el arte de narrar, en lo que llamamos mundo real? Ninguno que se me ocurra; al menos desde el punto de vista práctico. Un libro nunca ha alimentado el estómago de un niño hambriento. Un libro nunca ha impedido que la bala penetre en el cuerpo de la víctima. Un libro nunca ha evitado que una bomba caiga sobre civiles inocentes en el fragor de una guerra. Hay quien cree que una apreciación entusiasta del arte puede hacernos realmente mejores: más justos, más decentes, más sensibles, más comprensivos. Y quizá sea cierto; en algunos casos, raros y aislados. Pero no olvidemos que Hitler empezó siendo artista. Los tiranos y dictadores leen novelas. Los asesinos leen literatura en la cárcel. ¿Y quién puede decir que no disfrutan de los libros tanto como el que más?
En otras palabras, el arte es inútil, al menos comparado con, digamos, el trabajo de un fontanero, un médico o un maquinista. Pero ¿qué tiene de malo la inutilidad? ¿Acaso la falta de sentido práctico supone que los libros, los cuadros y los cuartetos de cuerda son una pura y simple pérdida de tiempo? Muchos lo creen. Pero yo sostengo que el valor del arte reside en su misma inutilidad; que la creación de una obra de arte es lo que nos distingue de las demás criaturas que pueblan este planeta, y lo que nos define, en lo esencial, como seres humanos. Hacer algo por puro placer, por la gracia de hacerlo. Piénsese en el esfuerzo que supone, en las largas horas de práctica y disciplina que se necesitan para ser un consumado pianista o bailarín. Todo ese trabajo y sufrimiento, los sacrificios realizados para lograr algo que es total y absolutamente inútil.
La narrativa, sin embargo, se halla en una esfera un tanto diferente de las demás artes. Su medio es el lenguaje, y el lenguaje es algo que compartimos con los demás, común a todos nosotros. En cuanto aprendemos a hablar, empezamos a sentir avidez por los relatos. Los que seamos capaces de rememorar nuestra infancia recordaremos el ansia con que saboreábamos el cuento que nos contaban en la cama, el momento en que nuestro padre, o nuestra madre, se sentaba en la penumbra junto a nosotros con un libro y nos leía un cuento de hadas. Los que somos padres no tendremos dificultad en evocar la embelesada atención en los ojos de nuestros hijos cuando les leíamos un cuento. ¿A qué se debe ese ferviente deseo de escuchar? Los cuentos de hadas suelen ser crueles y violentos, describen decapitaciones, canibalismo, transformaciones grotescas y encantamientos maléficos. Cualquiera pensaría que esos elementos llenarían de espanto a un crío; pero lo que el niño experimenta a través de esos cuentos es precisamente un encuentro fortuito con sus propios miedos y angustias interiores, en un entorno en el que está perfectamente a salvo y protegido. Tal es la magia de los relatos: pueden transportarnos a las profundidades del infierno, pero en realidad son inofensivos.
Nos hacemos mayores, pero no cambiamos. Nos volvemos más refinados, pero en el fondo seguimos siendo como cuando éramos pequeños, criaturas que esperan ansiosamente que les cuenten otra historia, y la siguiente, y otra más. Durante años, en todos los países del mundo occidental, se han publicado numerosos artículos que lamentan el hecho de que se leen cada vez menos libros, de que hemos entrado en lo que algunos llaman la "era posliteraria". Puede que sea cierto, pero de todos modos no ha disminuido por eso la universal avidez por el relato. Al fin y al cabo, la novela no es el único venero de historias. El cine, la televisión y hasta los tebeos producen obras de ficción en cantidades industriales, y el público continúa tragándoselas con gran pasión. Ello se debe a la necesidad de historias que tiene el ser humano. Las necesita casi tanto como el comer, y sea cual sea la forma en que se presenten en la página impresa o en la pantalla de televisión, resultaría imposible imaginar la vida sin ellas.
De todos modos, en lo que respecta al estado de la novela, al futuro de la novela, me siento bastante optimista. Hablar de cantidad no sirve de nada cuando nos referimos a los libros; porque no hay más que un lector, sólo un lector en todas y cada una de las veces. Lo que explica el particular influjo de la novela, y por qué, en mi opinión, nunca desaparecerá como forma literaria. La novela es una colaboración a partes iguales entre el escritor y el lector, y constituye el único lugar del mundo donde dos extraños pueden encontrarse en condiciones de absoluta intimidad. Me he pasado la vida entablando conversación con gente que nunca he visto, con personas que jamás conoceré, y así espero seguir hasta el día en que exhale mi último aliento.
Nunca he querido trabajar en otra cosa.
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domingo, 8 de abril de 2012
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